A maioria das pessoas nunca parou para refletir sobre qual é a motivação por trás da pergunta “onde o seu filho está?”, quando feita para uma mãe que trabalha fora.
Não quero generalizar toda a questão, afinal, precisaria trazer à tona todas as entrelinhas, possibilidades e concepções pessoais de cada individuo que faz essa pregunta, o que seria impossível para a construção de um texto que contém um limite de palavras. Então, vou discutir acerca da ideia de irresponsabilidade materna e sua aplicação.
Vamos começar através de um fato chave: Por que essa pergunta, quando feita dentro do ambiente de trabalho, tem como receptor, em sua imensa maioria, as mães e não os pais?
Por causa da ideia da irresponsabilidade materna. Nós criamos um estereótipo a ser seguido pelas mulheres, elas são as que renunciam. Seja o tempo, a carreira, os sonhos, a diversão… E quando não encontramos numa mulher essa ideia de renúncia, automaticamente a culpamos por ela não ser o estereótipo idealizado.
Não vou entrar no mérito que mulheres que renunciam possuem, nem no mérito das que não renunciam. Cada mulher deve ter a liberdade de escolher seguir, ou não, essa idealização da maternidade.
O fato é que julgamos as duas escolhas. E esse julgamento acontece, muitas das vezes, sem que possamos medir nossas palavras. Vejamos:
O que a pergunta “onde está o seu filho” gera numa mulher? Culpa.
Mas por que uma simples pergunta desencadeia esse sentimento de inadequação?
Porque quando perguntamos o paradeiro de uma criança para uma mulher, estamos colocando sua responsabilidade de ser mãe em check, estamos dizendo nas entrelinhas: “você realmente sabe se seu filho está bem?”, “com quem você o deixou?”, “você o deixou com outra pessoa para poder trabalhar?”, “você acha que essa escolha é a correta?”, “como você consegue?”.
A questão é que a idealização materna é o que o seu próprio termo diz: uma idealização. E quando obrigamos uma mulher a seguir um padrão de comportamento impossível de ser aplicado estamos sendo os violões da história.
Nós. Não as mulheres que trabalham fora.