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A idealização da Maternidade: O que significa quando perguntamos para uma mulher que trabalha fora “onde o seu filho está?”​

A maioria das pessoas nunca parou para refletir sobre qual é a motivação por trás da pergunta “onde o seu filho está?”, quando feita para uma mãe que trabalha fora. ⁣

⁣Não quero generalizar toda a questão, afinal, precisaria trazer à tona todas as entrelinhas, possibilidades e concepções pessoais de cada individuo que faz essa pregunta, o que seria impossível para a construção de um texto que contém um limite de palavras. Então, vou discutir acerca da ideia de irresponsabilidade materna e sua aplicação.⁣

⁣Vamos começar através de um fato chave: Por que essa pergunta, quando feita dentro do ambiente de trabalho, tem como receptor, em sua imensa maioria, as mães e não os pais?⁣

⁣Por causa da ideia da irresponsabilidade materna. Nós criamos um estereótipo a ser seguido pelas mulheres, elas são as que renunciam. Seja o tempo, a carreira, os sonhos, a diversão… E quando não encontramos numa mulher essa ideia de renúncia, automaticamente a culpamos por ela não ser o estereótipo idealizado.⁣

⁣Não vou entrar no mérito que mulheres que renunciam possuem, nem no mérito das que não renunciam. Cada mulher deve ter a liberdade de escolher seguir, ou não, essa idealização da maternidade.⁣

⁣O fato é que julgamos as duas escolhas. E esse julgamento acontece, muitas das vezes, sem que possamos medir nossas palavras.⁣ Vejamos:

⁣O que a pergunta “onde está o seu filho” gera numa mulher? Culpa. ⁣

Mas por que uma simples pergunta desencadeia esse sentimento de inadequação?⁣

⁣Porque quando perguntamos o paradeiro de uma criança para uma mulher, estamos colocando sua responsabilidade de ser mãe em check, estamos dizendo nas entrelinhas: “você realmente sabe se seu filho está bem?”, “com quem você o deixou?”, “você o deixou com outra pessoa para poder trabalhar?”, “você acha que essa escolha é a correta?”, “como você consegue?”.

⁣A questão é que a idealização materna é o que o seu próprio termo diz: uma idealização. E quando obrigamos uma mulher a seguir um padrão de comportamento impossível de ser aplicado estamos sendo os violões da história.⁣⁣

Nós. Não as mulheres que trabalham fora.

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POSTADO POR:

paulamacen

paulamacen

@paulamacena.adv

Advogada de família, fundadora do primeiro escritório para os direitos das mulheres do Maranhão, criadora de teses jurídicas pautada na perspectiva de gênero, idealizadora do MANIFEST.

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MANIFEST

Um estudo de caso em grupo que acontece na modalidade online uma vez por mês e visa reunir advogadas e estudantes de Direito – que atuam, ou desejam atuar sob a perspectiva de gênero – para que possamos discutir juntas 3 (três) casos, e as possibilidades de resolução deste conflito.

Através da minha escrita, espero inspirar mulheres em todas as esferas da vida, ao fazê-las conhecer sobre os seus direitos.

Então, convido você a se juntar a mim nesta jornada de auto-descoberta e crescimento enquanto exploramos juntas a pesrpectiva de gênero.